segunda-feira, 7 de novembro de 2011

MINHA POESIA

Tenho o costume de ler a coluna de Cláudio Humberto e quase todo dia num cantinho ao lado, leio:

"Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei.
No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram;
já não havia mais ninguém para reclamar..."
Martin Niemoller = 1933

Na internet, em Wikipédia, consta que Niemöller é o autor de uma das mais célebres poemas, “E Não Sobrou Ninguém” tratando sobre o significado do Nazismo na Alemanha:

"Quando os nazistas levaram os comunistas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era comunista. Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era social-democrata. Quando eles levaram os sindicalistas, eu não protestei, porque, afinal, eu não era sindicalista. Quando levaram os judeus, eu não protestei, porque, afinal, eu não era judeu. Quando eles me levaram, não havia mais quem protestasse"

Creio que o Cláudio Humberto deve ter feito alguma adaptação.

Outro dia, pesquisando na internet deparei-me com uma sentença de lavra da Dra. MARIA ZUILA LIMA DUTRA, Juíza Federal do Trabalho - Titular da 5ª Vara de Belém, onde ela, inspirada, fundamentando sua decisão, escreveu:

“Neste sentido, recordo-me da poesia NO CAMINHO COM MAIAKOWSKI, de autoria de EDUARDO ALVES DA COSTA, um dos maiores poetas brasileiros do século XX que soube expressar como poucos a angústia e o medo que sentimos em face de ameaça à liberdade de expressão, que sintetiza e reflete muito bem o silêncio diante da discriminação”:

"Na primeira noite eles se aproximaram, e colheram uma flor de nosso jardim e não dissemos nada.
Na segunda noite, já não se esconderam: pisaram as flores,
mataram nosso cão, e não dissemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a lua e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta...
E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada."

A mensagem que estes versos trazem, são idênticas. Visíveis de plano, diferem apenas, no horário do fato. Resolvi, então, fazer a minha poesia. Lá vai:

Um dia, o governo criou a Derrama, Tiradentes protestou, foi enforcado, e não dissemos nada.
Depois o governo criou o Imposto de Renda, ninguém foi enforcado porque não dissemos nada.
Noutro dia, o governo criou o IOF e depois inventou o Imposto do Cheque e mais uma vez não dissemos nada.
Agora que nosso dinheiro é devorado pela corrupção, não podemos dizer nada porque nunca dissemos nada.

Agora eu quero dizer algo. Tu dizes comigo?...